A Petrobras reajustou nesta sexta-feira (11) os preços de gasolina e diesel para as distribuidoras. O preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%. Já para o diesel, o preço médio passou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%.
Por conta deste aumento, vários caminhoneiros paralisaram as atividades na manhã desta sexta, na BR-116 Norte, próximo à passarela do bairro Cidade Nova, em Feira de Santana.
Proprietário de uma transportadora, Adriano Santana, informou que o maior objetivo da manifestação é chamar a atenção pela grande alta do diesel.
“Estamos aqui reivindicando sobre o preço do diesel, porque tivemos um aumento absurdo. Somos pais de família, precisamos trabalhar. O preço subindo cada vez mais e dessa forma, não tem condições de rodar. O diesel estava custando cerca de R$ 5,60 e hoje já está custando quase R$ 8,00. Meus veículos rodam para toda a Bahia, o estado de Sergipe e Alagoas. Estamos pagando para trabalhar, tirando do bolso, porque o frete não paga o que estamos gastando em combustível. Por isso, estamos fazendo este movimento aqui, mas já temos informações que em Vitória da Conquista já parou, Poções também e estamos na luta”, disse.
Ainda de acordo com Adriano Santana, apenas veículos pequenos, ambulâncias e carros transportando produtos perecíveis estão passando.
Já para o caminhoneiro Flávio Vitório que mora em Feira de Santana, a manifestação deveria ser feita nos postos de combustíveis. De acordo com ele, isso apenas prejudica quem não tem relação com o problema.
“Eu não estou trabalhando nesses dias, mas estou aqui reivindicando junto com meus colegas, porque isto é em prol de toda a categoria. Infelizmente é uma situação complicada que estamos passando com este preço, mas eu entendo também que a manifestação poderia ser feita nos postos, os motoristas ficando em casa e sem rodar, mas fechar a pista desta forma, eu não sou a favor. Infelizmente o caminhão que dirijo consome muito, e realmente não tem condições de trabalhar desta forma, porque imagine fazer apenas 2 quilômetros com o litro e tenho que investir cerca de R$ 7 mil para encher o tanque”, concluiu.
Na estrada há cerca de três dias, o caminhoneiro José Donizete Magalhães, 43 anos de idade, saiu da cidade de Paulínia, interior do estado de São Paulo com destino à João Pessoa na Paraíba.
Sem poder continuar com a viagem, José contou que agora ‘só resta’ aguardar o posicionamento dos líderes da manifestação.
“Eu sair de São Paulo na última terça-feira e tinha como previsão chegar em João Pessoa amanhã, para entregar um material de ressonância magnética. Mas agora não sei como vou fazer. Estou aqui parado, esperando o posicionamento deles para continuar com a viagem. Nunca tinha visto pararem carga de material hospitalar e agora decidiram parar, mas realmente o combustível está muito caro, é inaceitável tudo isso, é necessário que os governadores possam achar uma solução para isso”, informou.
Segundo o caminhoneiro, em média é pago mais de R$ 7 mil em combustível.
“Hoje eu não tenho como calcular um valor extado pelo preço que é pago, porque todo dia é um valor novo nestes postos. Eu mesmo abasteci por quase R$ 7. Então o tanque aqui é de 1.200 litros, quando a gente vai para a ponta do lápis, é mais de R$ 7 mil”, contou.
Sem previsão para concluir a viagem, José se vira como pode. Com uma ‘cozinha’ improvisada na lateral do caminhão, ele contou ao Acorda Cidade que a rotina é sempre assim.
“Aqui eu como coisa simples, é um feijão com arroz, hoje tem calabresa, amanhã pode ter só ovo, um dia pode ter bife, até mesmo carne cozida, aí nesse caso, precisa comprar no mesmo dia, porque não tem como guardar a carne. E assim vou levando nesta rotina, sem previsão para retorno para casa”, lamentou.
Presente na manifestação, Silvania Ramos, é proprietária de uma carreta e estava dando apoio aos outros caminhoneiros. Ela contou que toda a manifestação é pacífica sem cunho político.
“Esta á uma mobilização pacífica onde nós não estamos mais suportando, não só os caminhoneiros, mas estamos falando de toda a população. Isto é um abuso que não estamos mais aguardando, não estamos suportando e não podemos continuar desta forma. O gás, a gasolina, o diesel chegou em um momento extremo que não dar mais para sobreviver. Quem carrega tudo nas costas, são os caminhoneiros. Se eles pararem, tudo para, porque são eles que transportam a carne, a água, o alimento e como fica? Nosso intuito aqui é ser pacífico sem nenhuma intromissão política. Aproveitamos também e arrecadamos alguns valores com os próprios motoristas, para que possamos efetuar a compra de toldos, para que tenhamos aqui um ponto de apoio, com cadeiras, pois estes profissionais estão sem a família, e neste momento, nós que somos a família”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade