Com uma queda de 4% nas últimas 4 horas, o Bitcoin parece estar sendo afetado pela aprovação de uma lei contra a privacidade pelo Parlamento Europeu. A proposta agora passará por uma sessão do plenário antes de tornar-se oficial.
Caso seja aprovada, isso pode mudar totalmente como o mercado move dinheiro, afetando principalmente exchanges de criptomoedas e, por consequência, seus usuários. Além de encarecer a atividade de empresas, cujo valor será repassado aos usuários, também acaba com a privacidade dos mesmos.
A votação ocorreu duas semanas após o mesmo Parlamento ter votado contra o banimento da mineração de Bitcoin e outras criptomoedas que utilizam Proof-of-Work. Acertaram uma vez, porém erraram nesta última oportunidade.
Foco em carteiras sem custódia
O principal foco da lei, passada pelo Parlamento Europeu, é acabar com a privacidade dos usuários de criptomoedas que utilizam carteiras sem custódia de terceiros. Ou seja, qualquer carteira que o usuário possua suas chaves privadas e não conceda nenhuma informação para terceiros.
Portanto, toda vez que você precisar realizar um depósito em uma exchange, precisará provar que o endereço de origem pertence a você, ou, para dificultar ainda mais, a outra pessoa. Tal ponto é destacado pelo fundador da Coinbase, Brian Armstrong.
“Isso significa que antes que você possa enviar ou receber criptomoedas de uma carteira auto-hospedada, a Coinbase precisará coletar, armazenar e verificar informações da outra parte, que não é nosso cliente, antes que a transferência seja permitida.”
Seguindo, Armstrong também afirma que a Coinbase será obrigada a avisar as autoridades toda vez que você receber 1.000 euros, ou mais, em uma destas carteiras, mesmo que a transação não seja suspeita. Obviamente isso envolve apenas a Coinbase, e sim todas exchanges que atuam na Europa.
Indo além, tal lei pode ser facilmente copiada por outros países, encarecendo custos de operação de tais empresas — que será obviamente repassado aos seus usuários.
Contudo, o principal ponto é a perda da privacidade já que governos poderão criar um extenso banco de dados para cruzar informações e “dar nome aos endereços”. Além disso, não é difícil imaginar que esses dados possam vazar, caindo nas mãos de outros bandidos fora do governo.
Comunidade já havia reagido à marcação de endereços
Em janeiro deste ano, algumas carteiras começaram a implementar soluções que facilitariam a verificação de identidade de endereços de Bitcoin e outras criptomoedas. Entretanto, muitas abandonaram a ideia após o feedback da comunidade sobre o assunto.
Um dos destaques foi a carteira de hardware Trezor que abandonou rapidamente tal função. Entretanto, caso a lei for aprovada de forma final, os usuários de criptomoedas não terão muitas opções pela frente, ou abandonam sua privacidade, ou abandonam serviços que apresentam mais riscos.