A economia brasileira avançou 4,6% em 2021 e superou as perdas causadas pela pandemia da Covid-19, segundo dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta sexta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este foi o melhor desempenho para as atividades econômicas desde 2010, quando houve crescimento de 7,5%. O resultado supera o tombo de 3,9% registrado em 2020 com os impactos positivos da vacinação contra o novo coronavírus na retomada da economia. No ano, o PIB em valores correntes totalizou R$ 8,7 trilhões. No quarto trimestre, o PIB registrou alta de 0,5%, ante queda de 0,1% nos três meses anteriores. Em paralelo aos três últimos meses de 2020, a economia registrou crescimento de 1,6%.
O resultado veio abaixo do projetado pelo Ministério da Economia, que esperava crescimento de 5,1%. Já as previsões do Banco Central (BC) indicavam aumento de 4,4%. O Índice de Atividades Econômicas (IBC-Br), considerado a prévia do PIB, apontou crescimento de 4,5% em 2021, o mesmo valor projetado pelo mercado financeiro, segundo a previsão do Boletim Focus, a pesquisa semanal feita pelo BC com mais de uma centena de instituições financeiras.
A recuperação foi puxada pelo setor de serviços, que registrou alta de 4,7%. O segmento é o responsável pela maior fatia da economia brasileira e foi o que mais se beneficiou pela normalização das atividades com a imunização contra a Covid-19. “Essa atividade já vinha crescendo antes da pandemia, mas com o isolamento social e todas as mudanças provocadas pela pandemia, esse processo se intensificou, fazendo a atividade crescer ainda mais”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. A produção industrial registrou alta de 4,5% a despeito dos gargalos gerados pela falta de insumos e matérias-primas em escala global. O agronegócio, que há décadas é considerado a “locomotiva” do PIB, teve queda de 0,2%. O desempenho no campo foi prejudicado pelas condições climáticas com a pior seca em quase um século até o excesso de chuva, geadas e temperaturas negativas.
Todos os componentes de demanda subiram em 2021. O consumo das famílias avançou 3,6%, contra queda de 5,4% no ano anterior. Já os gastos do governo registraram alta de 2%, ante retração de 4,5% em 2020. Segundo o IBGE, os gastos dos brasileiros poderiam ter sido melhores se não fosse o avanço da inflação, que bateu 10,06% no ano passado. “Houve uma recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Os juros começaram a subir. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado do consumo das famílias no ano passado”, afirma Palis. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 17,2%, favorecidos pela construção, que no ano anterior teve uma queda, e pela produção interna de bens de capital. A taxa de investimento subiu de 16,6% para 19,2% em um ano.
A retomada da economia brasileira acompanha um movimento de alta observado em todo o mundo, apesar de que em forma desigual. O PIB dos Estados Unidos foi a 5,7% no ano passado, o melhor resultado em 37 anos. Já a China, a segunda maior economia do globo, deu um salto de 8,1%. O Reino Unido expandiu a economia em 7,5% no ano passado, enquanto a França registrou alta de 7%. O desempenho brasileiro foi melhor que o da Alemanha, a maior economia da União Europeia, que teve alta de 2,1% em 2021, segundo dados oficiais preliminares. A alta doméstica também se equivale a outras lideranças econômicas da América Latina, como o México, que registrou alta de 4,8% no ano passado.