População ocupada em abril chegou a 97,8 milhões de trabalhadores. Esse é o maior patamar apurado desde o início da Pnad Contínua, em 2012
Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na última sexta-feira (24) destaca que em abril a taxa de desocupação mensal calculada a partir da série trimestral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) apresentou, em termos dessazonalizados, o menor patamar desde outubro de 2015 (9,4%). Em relação ao mesmo mês de 2021, o recuo do desemprego foi de 4,9 pontos percentuais.
A população ocupada em abril chegou a 97,8 milhões de trabalhadores. Esse é o maior patamar apurado desde o início da Pnad Contínua, em 2012. Na comparação com o mesmo período de 2021, a população ocupada registrou alta de 10,8%, enquanto na série livre de sazonalidade o montante foi 2,1% maior que o registrado em março.
Essa expansão da população ocupada vem gerando melhora na proporção de ocupados em relação ao total da população em idade ativa (PIA), que registrou 57,1% em abril, o melhor resultado desde fevereiro de 2014. O efeito positivo do bom desempenho da ocupação sobre a redução do desemprego poderia ser ainda maior se não fosse o aumento da taxa de participação, impulsionada por um crescimento maior da força de trabalho. A força de trabalho avançou 3,7% entre janeiro e abril, alcançando 109,1 milhões de pessoas, o maior contingente já apurado pela pesquisa.
Desafios
A nota observa que, apesar de os dados recentes retratarem um cenário favorável, o mercado de trabalho brasileiro ainda apresenta uma série de desafios a serem superados. Em abril, o país possuía um contingente de 11 milhões de desempregados e, mesmo diante de uma recuperação mais forte do emprego formal, a maior parte das novas vagas ainda estão sendo geradas nos segmentos informais da economia.
No último trimestre móvel, encerrado em abril de 2022, segundo a Pnad Contínua, enquanto o montante de trabalhadores com carteira avançou 11,6%, na comparação interanual, o contingente de ocupados sem carteira cresceu 20,8%. A análise dos dados mostra que a expansão da ocupação tem ocorrido de forma generalizada e envolvido todas as regiões, todos os segmentos etários e educacionais, atingindo todos os setores da economia.
O recorte regional mostra que, apesar do recuo generalizado do desemprego, este foi mais intenso nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, cujas taxas de desocupação caíram 4,3 e 4,2 pontos percentuais respectivamente, entre os primeiros trimestres de 2021 e 2022. As taxas passaram de 12,8% para 8,5% no Centro-oeste e de 15,3% para 11,1% no Sudeste. Em termos absolutos, a menor taxa de desocupação é a da região Sul (6,5%), enquanto o maior desemprego está na região Nordeste (14,9%).
Faixa etária e escolaridade
A abertura por idade mostra que todos os segmentos etários registraram queda na desocupação, refletindo a expansão da população ocupada. A redução da taxa de desemprego foi maior entre os trabalhadores mais jovens, entre 18 e 24 anos: a retração de 7,2 pontos percentuais na desocupação entre o primeiro trimestre de 2021 – quando foi de 30% – e o primeiro trimestre de 2022 – quando foi de 22,8% – é explicada pelo aumento da ocupação, que cresceu taxa de 16,4%, superior ao registrado para a população economicamente ativa, de 5,5%.
A desagregação por grau de escolaridade também mostra queda generalizada da desocupação no primeiro trimestre de 2022, refletindo, igualmente, expansão da ocupação em ritmo superior ao observado na força de trabalho para todos os níveis de instrução.
Setores da economia
A abertura setorial revela que a continuidade do processo de recuperação dos níveis de ocupação, iniciado nos setores que haviam sofrido quedas mais intensas no auge da pandemia, devido às medidas de afastamento social, se alastrou para os demais segmentos. No primeiro trimestre deste ano, seis dos 13 setores pesquisados apresentaram crescimento da ocupação superior a 10%, com destaque para os segmentos de alojamento e alimentação (32,5%), serviços pessoais (19,5%) e serviços domésticos (19,4%).
Além da evolução favorável da ocupação, outro indício do cenário de recuperação do mercado de trabalho se refere à melhora dos indicadores de subocupação e desalento. O conjunto de trabalhadores que se declararam subocupados em abril era de 6,4 milhões, ou seja, 6,5% do total da ocupação. Esses dados representam queda de 1,7 ponto percentual em relação ao mesmo mês de 2021.
Já em relação ao desalento, o contingente de aproximadamente 4,2 milhões de pessoas registrado em abril é o menor já apontado desde setembro de 2017. Com isso, a proporção de desalentados em relação à população fora da força de trabalho recuou de 5,1% para 3,7%, entre abril de 2021 e de 2022.